"Considerar a nossa maior angustia como um incidente sem importância, não só na vida do Universo, mas da nossa mesma Alma, é o princípio da Sabedoria"       Fernando Pessoa

 

Muitos especialistas defendem que toda a hipnose é, na realidade, auto-hipnose e que realmente não precisamos de outra pessoa para nos pôr em transe. Os aspectos essenciais da hipnose - pôr-se a si próprio em transe e usar sugestões -podem de facto ser aprendidos e praticados.

A auto-hipnose consiste no processo pelo qual uma pessoa se coloca a si própria em transe. A questão mais óbvia é procurar saber quais as difrenças entre a auto-hipnose e a hetero-hipnose (esta última baseada num relacionamento típico, paciente/hipnoterapeuta). Em muitos aspectos não existe qualquer diferença porque, mesmo havendo outra pessoa envolvida que conduz o transe, é a sua própria consciência que se está a alterar e não a do hipnólogo. É você e não o hipnólogo que está a entrar em transe. Todos os passos essenciais da hipnose - o processo de indução, a entrada em transe, as sugestões de mudança e a saída do transe- estão também presentes na forma auto-induzida, ainda que os meios usados possam ser um pouco diferentes.

 

Existem contudo, algumas diferenças entre estas duas formas de hipnose. Uma das mais importantes é que na auto-hipnose não existe ninguém presente para fazer sugestões ao inconsciente durante o transe hipnótico. Na hetero-hipnose esta tarefa é levada a cabo pelo hipnoterapeuta, com base no guião pré-concebido para satisfazer as necessidades específicas daquele paciente. Há assim que adoptar outras estratégias para transmitir as sugestões de uma forma eficaz a si próprio. Da mesma forma, as pessoas que praticam auto-hipnose não têm ninguém que as induza em transe, têm de o fazer por si próprias. Esta é a primeira dificuldade que têm de ultrapassar, sendo mais difícil se nunca tiverem passado antes pela experiência de um transe em hetero-hipnose.

 

Para ter êxito na auto-hipnose, há que ter uma forte motivação e ser persistente. Não pode contar com um êxito imediato e terá de praticar com grande frequência para aperfeiçoar esta técnica. A pouco e pouco a sensação de entrar em transe será uma coisa normal e quanto mais se habituar mais eficiente será a indução do transe e o partido que se tira do mesmo. Também terá de desejar que a hipnose resulte e manter, pelo menos, a mente aberta acerca do resultado positivo ou não. Quanto mais acreditar, mais rapidamente poderão acontecer resultados positivos. Outra condição, difícil para a céptica mente moderna, é acreditar e aceitar tanto quanto possível as técnicas hipnoterapêuticas, sendo ideal que possa, conscientemente, parar de pensar ou de se preocupar e assumir simplesmente que vai dar resultado. Este tipo de atitude mental vai ajudar a abrir a mente consciente às sugestões, o que é a chave do êxito na hipnose. Os mesmos requisitos se aplicam à hipnose induzida pelo hipnoterapeuta. Embora propicie um acesso mais rápido à experiência hipnótica, ela só surtirá efeito se você se predispuser a aceitar este tipo de terapia.

Podem existir diversas razões práticas para praticar a auto-hipnose. O hipnoterapeuta pode ensinar a auto-hipnose ao seu paciente a fim de consolidar o tratamento inicial. A hipnoterapia não é uma cura milagrosa e os efeitos podem desaparecer senão forem reforçados regularmente. Aprender a colocar-se a si próprio em transe pode, assim, ser uma forma esplêndida para se assegurar que o tratamento inicial se mantém eficaz,

Outra razão para a aprendizagem da auto-hipnose é o facto de o seu hipnoterapeuta nem sempre poder estar a seu lado quando mais precisa. Se o terapeuta lhe ensinou a auto-hipnose ou a aprendeu por si só, será capaz de resolver qualquer situação que o perturbe no momento em que surge.

 

Precauções a ter na Prática da Auto-Hipnose

Se utilizar CDs de hipnose, por razões óbvias não os deve ouvir enquanto opera maquinaria, conduz ou realiza qualquer tipo de actividade que exija a total atenção da mente consciente. Tal como acontece com outros tipos de hipnose, qualquer pessoa que tenha sofrido de uma doença mental não deve praticar a auto-hipnose, a não ser com a aprovação do médico. Desaconselha-se ainda o uso da auto-hipnose para fazer regressão da idade, uma vez que pode trazer do passado memórias indesejadas, sem que esteja presente uma pessoa qualificada que o possa ajudar a lidar com a situação e a tranquilizá-lo. Também não é boa ideia usar a auto-hipnose no alivio da dor até se saber qual é a causa da dor que está a sentir e ter recebido conselho médico.