"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens"       Fernando Pessoa

 

O estado de transe é um elemento essencial da hipnose. É neste estado que a mente se liberta da pesada crítica da mente consciente e se encontra aberta à sugestão.

Diferentes Estados da Mente

O primeiro estado da mente é aquele em que nos encontramos enquanto estamos acordados e é conhecido como estado Beta. Neste estado, o cérebro encontra-se extremamente alerta e é então que usamos o raciocínio e a lógica. Os cientistas são capazes de medir a actividade do cérebro nos diferentes estados e podem monitorizá-la por meio de um electroencelógrafo (E.E.G.). No estado beta, as ondas do nosso cérebro variam entre os 14 e os 30 ciclos por segundo(c.p.s).

O segundo estado da mente é designado por estado Alfa, em que as ondas cerebrais assumem frequências entre os 8 e os 13 cps. Neste estado, a mente está ainda alerta mas encontra-se mais relaxada, e como somos geralmente mais criativos e imaginativos estamos mais abertos a receber informação. Alguns hipnoterapeutas vêm este estado como sendo o portal da mente consciente para a inconsciente.

Passamos diariamente pelo estado Alfa quando acordamos, adormecemos ou estamos absortos num filme. Há hipnoterapeutas que afirmam que quando entramos no estado Alfa estamos a transitar para um transe.

 A hipnose, por si só, é assim um estado da mente em que se registam ondas cerebrais em frequência mais lenta do que no estado de vigília : o estado Alfa.

O terceiro estado é designado estado Teta. Nele as ondas cerebrais variam entre os 4 e os 8 c.p.s. Este estado está associado a um relaxamento profundo, tranquilidade e sonhos. O estado Teta é por vezes designado como o estado de sonho. Passamos pelo estado Teta na transição para o sono profundo e ao retomarmos deste.

O último estado é o chamado estado Delta, no qual as ondas cerebrais descem abaixo dos 4 c.p.s. É o estado de sono profundo, no qual a mente está totalmente inconsciente e que não se atinge durante a hipnose.

 

Deve-se salientar que as gamas de ondas cerebrais acima descritas não estão claramente restritas a um único estado da mente. Por exemplo, também há ondas Alfa e Teta no cérebro quando nos encontramos no estado beta ou estado dito de vigília. A designação dos quatro estados refere-se apenas ao momento em que um determinado tipo de ondas predomina.

 

A importância destes estados para a hipnose é saber que o transe hipnótico ocorre durante os estados Alfa e Teta. É então que as sugestões feitas à mente inconsciente, sempre presente, não são obstruídas pelas faculdades críticas da mente consciente. Quando o paciente deixa acalmar o poder crítico - o processo de suspensão da incredulidade - torna-se possível utilizar sugestões para trabalhar ao nível do inconsciente. O transe hipnótico é frequentemente dividido em vários estádios ou níveis de profundidade diferentes, que ocorrem ao longo dos estados Alfa e Teta, até mesmo no início do estado Delta. Cada um destes estádios está associado a diferentes tipos de experiências e fenómenos que podem ser induzidos pelo hipnoterapeuta.